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Carnaval com fantasia de meme, Lady Gaga parando o Rio, filme do Minecraft com adolescentes em histeria, pelúcias com alma de colecionador, chocolates do outro lado do mundo e garrafinhas fitness eco-friendly. O primeiro semestre de 2025 deixou claro que as buscas do brasileiro não seguem uma linha reta, mas seguem dinheiro.

Para o varejo, entender esses movimentos não é só “curiosidade do Google Trends”, é estratégia. Aqui estão as maiores tendências de busca e comportamento do semestre e o que elas sinalizam em termos de oportunidades.

1. A Fantasia da Fernanda Torres: quando uma atriz vira produto

A fantasia mais procurada do Carnaval 2025 foi um case de viralização inesperada: a da Fernanda Torres. A atriz, depois de ganhar um Globo de Ouro e ser indicada ao Oscar, virou meme, inspiração fashion e desejo de consumo. O termo “fantasia da Fernanda Torres” explodiu com um crescimento de mais de 40x nas buscas.

Oportunidade para o varejo:
Eventos culturais, memes e celebridades viram produto quase instantaneamente. Varejistas de fantasias e moda precisam atuar como “trend hunters”. Identificar esses sinais precoces, seja uma fala icônica ou um vestido num tapete vermelho, pode significar sair na frente. Agilidade na criação, produção e distribuição é o que transforma memes em margem de lucro.

2. Lady Gaga no Brasil: o evento que virou motor da economia carioca

lady gaga no rio(Reprodução/Kevin Mazur/Getty Images Embed)

O show gratuito de Lady Gaga na Praia de Copacabana não foi só o maior do século, foi um empurrão econômico no Rio de Janeiro. Com público estimado entre 2.1 e 2.5 milhões de pessoas, o impacto na cidade foi de cerca de R$ 600 milhões, com ocupação hoteleira batendo 90%, diária média ultrapassando R$ 1.000 e bares e restaurantes triplicando sua receita no fim de semana do show.

Oportunidade para o turismo e hospitalidade:
Eventos de massa gratuitos são picos de oportunidade. Hotéis, bares, restaurantes e plataformas de hospedagem precisam se preparar com antecedência, escalar operação e adaptar marketing. Cidades turísticas devem pensar em eventos “âncora” como alavancas de alta temporada fora de época.

3. Filme do Minecraft: cinema, caos adolescente e produtos licenciados

A estreia do filme de Minecraft mobilizou o fandom. O TikTok amplificou o fenômeno com vídeos de sessões de cinema virando quase rave: gritaria, pipoca voando, e celular na tela. A resposta dos cinemas foi rápida: “tolerância zero” ao caos. Enquanto isso, produtos de Minecraft voavam das prateleiras.

Oportunidade para o varejo geek:
Filmes baseados em franquias como Minecraft não são só eventos culturais, são lançamentos de catálogo. De pelúcias a papelaria, passando por camisetas e canecas, tudo vira vendável. Lojas físicas e e-commerces devem se preparar para surfarem o hype com produtos licenciados e ofertas limitadas. Cinemas, por sua vez, podem criar experiências “controladas” para o público teen, ou perder o controle.

4. Labubu e Bebê Reborn: brinquedos para adultos (ou quase)

Dois fenômenos movimentaram o mercado de brinquedos em 2025. Os bebês reborn,  bonecas hiper-realistas que oferecem conforto emocional, e o fenômeno Labubu, boneco colecionável da Pop Mart, que teve um crescimento de 2.820% nas buscas de março para abril. Estilo “kawaii + creepy”, vendido em blind box, com apelo de exclusividade e viralidade digital.

Oportunidade para brinquedotecas modernas:
O segmento de “kidults” é real e cresce rápido. Lojas precisam entender que brinquedo já não é mais coisa só de criança. Estratégias de escassez (edições limitadas), gatilhos de FOMO e marketing via influenciadores criam desejo e movimentam o mercado paralelo: como o surgimento do “Lafufu”, cópia nacional do Labubu. Para produtos de alta demanda sem distribuição oficial no Brasil, há espaço para revendedores e importadores com operação digital afiada.

5. O boom do chocolate de Dubai (e a ascensão do pistache)

chocolate de dubai(Reprodução/InfoMoney)

Você piscou e o pistache virou o sabor de 2025. Tudo começou com o chocolate de Dubai, recheado de kunafa e pistache, que viralizou no TikTok. As buscas por “Dubai chocolate gift” e “premium Dubai chocolate” dispararam, alimentadas por vídeos de unboxing e “degustação de luxo”.

Oportunidade para o food premium:
Quando um produto alimentício vira trend nas redes, o consumo explode — e a cadeia de suprimentos sofre. Pistache começou a faltar. Restaurantes, confeitarias e marcas premium devem se preparar com agilidade: importar, adaptar, inovar. Surfando na onda, os ovos de Páscoa com pistache dominaram o mercado em 2024 e devem voltar com força em 2025. Sazonalidade + hype = lucro verde pistache.

6. Bobbie Goods: a marca que nasceu no TikTok e vendeu 1 milhão de livros no Brasil

bobbie goods(Reprodução/Emilly / Bobbie Goods Official)

Bobbie Goods é uma marca de ilustrações e livros de colorir com vibe fofa e nostálgica, criada por Abbie Goveia. A artista começou no TikTok e hoje tem mais de 1 milhão de seguidores, vendendo produtos que vão de papelaria a bolsas. No Brasil, a HarperCollins já vendeu mais de 1 milhão de livros da marca só em 2025.

Oportunidade para papelarias e editoras:
O consumidor quer conexão emocional, estética e interação. Marcas como Bobbie Goods oferecem tudo isso. Varejistas que apostarem em produtos criativos e interativos (como livros para pintar, kits de arte, planners personalizados) conectam diretamente com o público jovem e com o consumidor “calma, eu sou ansioso” da era TikTok. O digital virou canal de descoberta, o físico é onde o dinheiro cai.

7. Fitness 360: whey, garrafinhas e experiências

A indústria do bem-estar no Brasil se tornou omnichannel e emocional. O mercado de whey protein vai chegar a US$ 2.56 bilhões até 2033. A creatina continua em alta. E os acessórios, como garrafas ecológicas e equipamentos para treino em casa, acompanham a busca por uma vida saudável sem sair do feed.

Oportunidade para o varejo fitness:
Experiências de treino em rooftops, bootcamps na praia, treinos HIIT, coaching holístico, apps e smartwatches… tudo isso é parte do mesmo ecossistema. O consumidor quer conveniência, desempenho e lifestyle. Lojas que combinam produtos físicos (suplementos, acessórios) com serviços digitais (apps, consultas, desafios) criam diferenciais. Ah, e os jovens de 18 a 24 anos são o público mais ativo e o mais digital.

O que essas buscas revelam?

Não existe mais uma linha clara entre cultura pop e comportamento de compra.

A fantasia da Fernanda Torres, o chocolate de Dubai e os bonecos Labubu são sintomas de um mercado onde o desejo nasce no viral, acelera no digital e converte no físico. Para o varejo, isso exige um mindset beta: pronto para testar, adaptar e escalar na velocidade do hype.

Quem está ganhando não é quem tem mais estoque. É quem tem radar cultural.

Redator na HubLocal. Falo sobre SEO, Inbound, Marketing de Conteúdo e tecnologia.